Cega de amor
Quando fiquei cega de amor,
Acabei acreditando em ilusões.
Não olhei honestamente o outro,
Nem o contexto, nem a realidade.
Acreditei que aquilo que eu imaginava era uma verdade. Não durou.
Quando o amor é cego há um "auto-engano".
Uma espécie de criação para manter o sentimento vivo (o sentimento individual diga-se de passagem).
Às vezes é um dos dois que "cria" esse cenário ilusório, às vezes os dois juntos vivem essa "falsa verdade", e vivem dentro de si uma busca violenta para preservar essa auto-imagem.
Não é que não haja amor, e pode haver muito amor,
O erro, neste caso, não é amar demais.
Existe uma ilusão que pode envolver alguma dessas etapas em um relacionamento:
Apaixonar-se,
Envolver-se,
Entregar-se,
Traçar planos,
Criar expectativas,
Conhecer as sombras,
Re-conhecer seu próprio jogo.
(...)
Nas relações há um jogo.
Não é por mal, é justamente pra manter o equilíbrio.
Quanto antes a ilusão aparece, antes você estará jogando sozinho.
E jogar o jogo sozinho não funciona.
Ou os dois compreendem seu funcionamento e suas próprias auto-sabotagens e se tornam parceiros de jornada, ou em algum momento as peças vão cair.
Na verdade, o que descobri é que o amor cego não vê a dinâmica do amor.
A forma de amar que precisa de cuidado, equilíbrio e sintonia.
Fiz uma reflexão profunda sobre tudo isso e sobre o melhor que essas experiências me trouxeram.
Com o amor cego aprendi:
- Que a experiência de outra pessoa não serve pra mim.
- Que o outro não sente como eu sinto. Cada um tem sua forma de amar, sentir e traz junto sua história e momento de vida.
- Que acreditar em uma ideia ou ideal sem refletir a respeito é um tremendo equívoco.
- A conhecer melhor o outro respeitando seu momento de vida.
O que me protege da ilusão é apagar à luz. Isso mesmo. Não permitir que, anoite quando não vejo com clareza, uma luz estranha guie meu caminho. Deixar que a Lua da Noite, me mostre aonde olhar.
Deixo que a escuridão (da minha mente) passe e o Sol nasça novamente. Cada um tem seu tempo de escurecer e nascer do sol interior. E isso pode levar tempo e até exigir um afastamento da situação.
Podemos exercitar esse Sol.
Primeiro, soltando as expectativas e a própria necessidade de ter um farol. Não tenho controle sobre o farol, ele ilumina alguns metros a frente e isso é suficiente para dar os próximos passos, para ver o que está acontecendo aqui e agora na realidade.
Segundo, renunciando a ideia de que tenho poder e controle. Deixo ao outro sua própria grandeza e aceito que sou impotente quando projeto minha ilusão, porque estou criando uma falsa verdade (que uma hora vai aparecer).
É, a consciência pesada ajuda muito, quando nos leva a tomar posse da nossa realidade. Que é assumir nossa verdadeira história.
Aí, pode começar um novo amor.
Um amor que vê.
O Amor cego cria uma ilusão e projeta ela no sonho de futuro (que nunca chega).
O Amor que vê, vive conectado com a vida presente. Com aquilo que é verdadeiro. Então, não há máscaras, manipulação ou julgamento, não há medo.
A abertura para amar de olhos bem abertos é para os corajosos de alma!