O propósito está na vida!

Aos 15 anos, o propósito de vida era minha busca incessante pela vocação. Aquela ânsia juvenil de desvendar o destino, como se houvesse um tesouro escondido dentro de mim, pronto para ser descoberto e exibido ao mundo. Eu olhava as estrelas buscando respostas, queria poder usar o máximo do meu potencial, para sentir que cada batida do meu coração estava alinhada com o chamado da minha alma.

Aos 25, minha compreensão de propósito se transformou. Não era mais apenas sobre mim, era sobre contribuir e servir. Foi nesse momento que meu trabalho se tornou uma missão. Eu vi que poderia ajudar as pessoas através do meu conhecimento e vivência, e isso se tornou meu novo propósito. Cada palavra que escrevia, cada produto e serviço que criei, cada olhar atento que lançava ao mundo, tudo era uma tentativa de contribuir, de deixar uma marca positiva.

Aos 35, essa visão mudou novamente. Hoje, não vejo mais o propósito associado apenas ao meu trabalho nem como algo totalmente meu, o vejo de uma forma muito mais ampla. No entendimento que tenho hoje, o propósito é algo que expressa através de mim onde eu estiver. Ele está na minha vibração enquanto mulher, ser humano, alma em evolução. Ele está, de fato, na vida.

Hoje, vejo que o propósito não é uma jornada em linha reta. É muito mais um rio que flui, se alarga, se aprofunda, muda a direção ao encontrar obstáculos, transforma as pedras no caminho em parte do caminho. Talvez, ele esteja na soma de todas as pequenas fraturas, de todos os momentos de luz e sombra que atravessam nossa história e fazem parte de quem nos tornamos.

Hoje, ao invés de buscar certezas sobre o sentido da vida, escolho ouvir mais o que ela tem a dizer. Cada fase que vivi me ensinou algo valioso, são fichas e fichas que me vão caindo com o tempo, e talvez a lição mais profunda até hoje, tenha sido a de aprender a viver com humildade. A humildade de reconhecer que somos eternos aprendizes, que cada pessoa que encontramos é um mestre, cada desafio uma lição, e cada alegria uma bênção.

Por mais clichê que seja, quando olho para o passado, vejo que as memórias que mais me aquecem o coração não são aquelas de grandes conquistas e reconhecimentos públicos, mas os momentos simples compartilhados com aqueles que amo. As risadas em uma noite de verão na casa da vovó, as palavras gentis nos momentos difíceis, o olho no olho que dispensa palavras, aquele abraço apertado que preenche, a companhia de quem reconhece suas lutas. Essas são as verdadeiras fontes de luz que transformam as fraturas da vida.

Meus propósitos e desejos se tornam cada dia mais simples, ao mesmo tempo, mais profundos.

Passei a desejar saúde para o corpo e para a alma e não apenas para mim, mas para todos. Também, a desejar compreensão em uma época em julgar é tão fácil. Coragem, para ouvir e seguir a luz em tempos de escuridão e amar com olhos abertos, com o amor que vê o amor do outro, com tudo que ele traz.

No fim, vejo que somos todos feitos do mesmo tecido cósmico, buscando luz nas fraturas da vida.

Desejo que eu e você possamos refletir as próprias fraturas e encontrar caminhos para transformá-las em fontes de luz. Que possamos abraçar a beleza da nossa humanidade, aceitando nossa imperfeição e encontrando propósito não apenas no que fazemos, mas em tudo que somos.

Com carinho, Maju

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