O que carrego da minha infância?
No nosso processo de viver, carregamos conosco questões mal resolvidas de nossos afetos, da nossa criação, da nossa família, além daquilo que não conseguimos negociar com nós mesmos.
Muito de nós levam dores por toda a vida, o que traz sofrimento, dificultam nosso caminhar e acaba por interromper nosso movimento em direção que a vida nos proporciona.
Joan Garriga, escritor e psicoterapeuta, no seu seminário em Florianópolis no ano passado, lançou o questionamento: "Qual história da nossa criança ferida estamos vivendo, e repetindo continuamente?"
Será que ainda é necessário reviver cada experiência difícil que tivemos a muito tempo atrás?
Nesses momentos de dificuldade que vivenciamos ou que nos identificamos por lealdade estão presos em algum espectro do amor.
Sofremos por amar muito e ver um distanciamento temporário quando crianças como um abandono. Traduzimos em nossa mente infantil os limites impostos como falta de amor. Confundimos autoridade como repressão.
Podemos também, por amor, fazer companhia na dificuldade de um ente querido, ou fracassar junto com nosso sistema familiar e permanecer tranquilo - embora infeliz - por sentir que o nosso pertencimento não foi ameaçado por um destino diferente.
(por João Januário da Silva)