Uma pequena conversa
Imagine você em casa no final da tarde, sozinha(o).
Anoitece. E de repente, apagão! A luz acaba.
A bateria do celular já estava por um triz.
Tem apenas uma vela.
E você.
Sem TV, 4G ou mesmo um livro pra ler.
Nada a fazer, além de pensar na vida.
Há 7 anos atrás, com 21 anos, passei por uma cerimônia ancestral conhecida como "busca de visão", o rito indígena de passagem para a fase adulta.
Consiste em ficar 4 dias e 3 noites sozinho e retirado, na natureza, completamente distante de equipamentos eletrônicos; sem falar, comer ou beber na-da.
Sim. Eu paguei por isso.
E foi uma das mais incríveis experiências que vivi!
Por quê?
Fui obrigada a conversar comigo mesma. A ouvir minhas vozes e sombras, meus desejos e meu próprio ego. Foram 4 dias para fazer nada além do que: pensar na vida.
Hoje aconteceu o mesmo. Bem mais fácil. Sem todos esses limites geográficos e biológicos.
A luz acabou aqui em casa. Eu fiquei sem bateria e internet.
Só eu e a luz de uma vela que me guiaram para dentro de mim mesma.
Um sentimento de conexão tomou conta de mim.
Paz? Leveza? Amor?
Não sei. Mas foi incrível.
Só pude pensar: Por que resistimos a esses instantes de luz?
Por que eu tive que me obrigar à ir para o meio do mato, em outro país e gastar milhares de dólares pra encontrar meu propósito de vida?
Por que tive que ficar sem luz em casa, para deixar de lado por algumas horas "meus compromissos tão importantes" e refletir sobre mim e minha vida?
Nossa verdadeira história anseia por nós.
E é nos momentos de provações e limites que recordamos nossa força!
Todos os dias podemos escolher, ser vítima, ou honrar o privilégio que nossos pais nos deram, a vida.