Beleza Oculta
Amor, Tempo e Morte. Três estâncias que conectam todos os seres humanos.
Todos, aspiramos o Amor.
Queríamos ter mais tempo.
Tememos a morte.
Na vida, buscamos a conexão. Tudo é sobre como nos conectamos.
Como nos entregamos, como recebemos, o novo e o fim.
O novo amor, o novo dia, a nova vida.
O fim do amor, o fim do dia, o fim da vida.
No fundo, é nossa perspectiva que gera sofrimento ou felicidade.
É a forma de ver e encarar a vida, especialmente, seu momento atual de vida, que determina seu grau de felicidade e satisfação.
Pensei que seria mais fácil, aceitar simplesmente, o momento presente.
Mas, viver com simplicidade hoje em dia está sendo um grande desafio pra mim.
O que te faz amar ou odiar a vida? O que te move aqui?
Qual é a peça que faz mover suas engrenagens, sua força de vontade, seu desejo de vida?
Vou contar um segredo que aprendi com minhas tristezas.
Nunca passei necessidades reais. Não tenho uma doença incurável, nem sofri agressão ou abuso na infância. Consigo pagar minhas contas e tenho meus pais vivos com muita saúde. Tenho aonde viver, e tenho até ar condicionado. Fiz faculdade e pós graduação, trabalho em algo que amo. Não tenho do que reclamar.
E ainda assim, sofro. Fico triste. Choro.
Não é coisa de gente mimada. Não tem a ver com status intelectual, social nem com o extrato da conta bancária. Não tem a ver com violência, doença ou transtornos familiares. Independe de limites (ou da ausência deles).
Qualquer pessoa que não tape suas dores com qualquer analgésico de felicidade instantânea -como remédios, mentiras, compras, poder ou aparências em geral - terá momentos de dor em sua vida.
A dor tem um efeito colateral: A profundidade.
Essa peça mágica que nos liga à espiritualidade, e ao que é maior do que nós mesmos.
Pode ser uma morte na família, pode ser o coração partido, ou um profundo vazio espiritual.
Independente do que aconteça, ela chega pra levar algo e pra ensinar um tanto de coisas.
Aprendi, e sigo aprendendo toda vez que perco uma coisa importante, que quando algo se vai, naturalmente o novo será revelado.
A beleza oculta é o efeito colateral da nossa dor.
Existe uma beleza única, não opcional, na profundidade da vida.
Entre o fim e o início, há muito mais do que podemos ver.